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Dez anos de pesquisa mostram o impacto negativo do desmatamento na Mata Atlântica

Dez anos de pesquisa, dezenas de estudos realizados em rede e um resultado preocupante: o desmatamento tem impulsionado profundas mudanças no funcionamento dos remanescentes de Mata Atlântica. É o que evidencia o artigo científico recentemente publicado pela equipe do projeto Sisbiota, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), na Biological Conservation, revista científica de grande repercussão internacional. 

Atualmente, a Mata Atlântica, devido à destruição por ações humanas, se encontra restrita a remanescentes florestais de diferentes tamanhos e localizados em paisagens desmatadas. A publicação defende que a restauração e o reflorestamento de paisagens são imperativos para manutenção do funcionamento do ecossistema. 

Na última década, o Sisbiota se debruçou sobre a problemática de compreender o que acontece com a biodiversidade nesses ambientes, especificamente, em como a qualidade do habitat, a diversidade de diferentes grupos biológicos e processos ecológicos se comportam em remanescentes florestais circundados por diferentes quantidades de cobertura florestal. 

Os resultados da compilação de dados dos estudos realizados no âmbito do projeto nesse período indicaram que o desmatamento provoca mudanças na qualidade da floresta e uma diminuição da estrutura da sua vegetação, caracterizada por árvores mais baixas e finas, adensamento do sub-bosque e maior abertura do dossel, com baixa produção e qualidade dos frutos. 

Demonstrou ainda uma redução na diversidade de espécies de diferentes grupos biológicos e impactos em diversos processos ecológicos que incluem alterações significativas na ciclagem de nutrientes e estoques de carbono, aumento da herbivoria foliar, redução da frugivoria e simplificação nas interações entre plantas e aves. 

“As espécies dependentes de florestas para sobreviver (como árvores, aves e mamíferos) são as mais afetadas pelo desmatamento, e, para alguns grupos, ocorre uma proliferação de espécies generalistas, ou seja, aquelas capazes de viver em ambientes perturbados aumentam em número de espécies e de indivíduos”, afirma o professor José Carlos Morante Filho, co-autor do artigo e docente da Uesc.

Ao longo desses anos, a maior parte dos participantes do Sisbiota foram docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação (PPGECB/Uesc), entretanto também foram estabelecidas parcerias com diversas instituições, a exemplo da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), as Federais da Bahia (Ufba), de Pernambuco (UFPE) e da Paraíba (UFPB) e a Universidade de São Paulo (USP Piracicaba). 

O projeto teve o aporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e da Uesc.

Fonte: UESC

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