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ACB marcou presença no Pint of Science em Salvador

Salvador recebeu entre 13 e 15 de maio o Festival Internacional de Divulgação Científica Pint of Science e a Academia de Ciências da Bahia (ACB) apoiou a realização do evento, juntamente com outras organizações, e também esteve presente com quatro acadêmicos. O evento discutiu questões sobre a comunicação científica, etnorraciais e tirou dúvidas sobre a vacina, tema tão em voga desde 2020. Nesse clima, o Pint reuniu um público de quase 500 pessoas ao longo dos três dias, aconteceu na Cervejaria Art Malte, no Rio Vermelho, em Salvador, e contou com a participação de pesquisadores e especialistas, com o intuito de abordar a ciência de forma descontraída e acessível à população.

A acadêmica e membra do Conselho Diretor da ACB Marilda Gonçalves foi a primeira, entre os membros da ACB, a participar. No encontro do dia 13/05, o tema foi ‘Potências Negras: a nossa diversidade faz e move a ciência e a educação’, com mediação de Deboraci Prates, professora da UFBA/Instituto de Ciências da Saúde. Participaram como painelistas Marilda Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia; Miriam Reis, diretora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Campus dos Malës; e Antonio Alberto Lopes, diretor da Faculdade de Medicina da UFBA.

Marilda Gonçalves compartilhou sua experiência ainda como estudante de Farmácia, de ser uma das duas pessoas negras da sua turma, e ressaltou que devido às políticas afirmativas como as cotas, o cenário nas universidades está mudando e se tornando um ambiente mais diverso. “Acho que estar na Fiocruz e ser a primeira mulher diretora também foi um passo muito importante. Hoje, com o nosso instituto completando 67 anos, fizemos uma grande festa de aniversário e isso foi muito bom para mostrar que pessoas negras e outras mulheres podem ocupar esse cargo, e que a gente pode transformar sim, porque o Brasil é um país plural, temos diversidade e isso tem que estar incorporado no nosso cotidiano”, destacou.

Além disso, a pesquisadora pontuou a importância de compartilhar a atuação profissional de pessoas negras e como tais experiências podem ser um legado para as gerações futuras. “Precisamos mudar a realidade que está posta. O racismo existe, e acho que é importante a gente falar dele em lugares como esse, falando da nossa trajetória, do que nós fizemos e do quanto que conseguimos mudar vidas”, observou Gonçalves.

Vacinação: produção, riscos e ganhos

As vacinas contra a Covid-19, que salvaram milhões de vidas em todo o mundo, são alvo de dúvidas e questionamentos. No segundo dia do Pint, o tema foi “Comunicando Ciência: tudo o que você sempre quis saber sobre vacinas e tinha vergonha de perguntar’. O painel, moderado pelo coordenador da Gestão da Comunicação e Divulgação Científica da Fiocruz Bahia, Antonio Brotas, contou com a participação da vice-diretora de Ensino e Informação da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn; da pesquisadora da Fiocruz Bahia e membro da Academia de Ciências da Bahia, Viviane Boaventura; do pesquisador da Fiocruz Bahia e líder do Centro de Pesquisas Clínica (CPEC) das Obras Sociais Irmã Dulce, Edson Duarte e da professora da UFBA e membro da Academia de Ciências da Bahia, Suani Pinho.

A conversa começou sobre a celeridade do processo de produção da vacina. O professor Edson Duarte, pesquisador titular do Instituto Gonçalo Moniz  (IGM/Fiocruz Bahia) esclareceu que a rapidez no desenvolvimento das vacinas não significou a omissão de etapas. “A vacina respeitou todos os processos e etapas necessárias para ser segura. A celeridade se deu devido à grande quantidade de investimentos e recursos humanos e intelectuais que atuaram nas pesquisas”, explicou. Duarte compara o processo à construção de um prédio, onde, com recursos suficientes, várias partes podem ser feitas em paralelo. “Foi isso que aconteceu na pandemia. Devemos ter mais cuidado e respeito pelas vacinas”, enfatiza.

Embora sejam extremamente seguras, as pessoas podem apresentar reações leves após a vacinação. A professora Viviane Boaventura, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e professora adjunta da Universidade Federal da Bahia, esclareceu que os sinais mais comuns, como febre e dores no corpo, são indicações de que o corpo está respondendo à vacina. Ela destacou que os efeitos adversos graves são muito raros, ocorrendo casos a cada cem mil a um milhão de casos. “O benefício supera os riscos”. “A possibilidade de se ter uma trombose por uso de anticoncepcional é muito mais frequente do que por uso da vacina”.

Contudo, a pesquisadora lembra que “temos no Brasil 180 milhões de pessoas que tomaram ao menos uma dose e 5 bilhões de pessoas no mundo”. Ou seja, é preciso manter a vigilância assim como é feito em qualquer medicação de larga escala. Ela também lembrou que qualquer medicação, como dipirona ou paracetamol, pode trazer riscos, mas são amplamente utilizadas devido aos seus benefícios. “A vacina é vítima de seu próprio sucesso porque as pessoas tomam, ficam protegidas da doença grave e não se recordam desse fato. Ficam os relatos de eventos adversos, muitas vezes nem relacionados a vacina, mas não se tem registro dos casos graves e mortes evitadas pelas vacinas ”, observou Boaventura.

“A vacina é vítima de seu próprio sucesso porque as pessoas tomam, ficam protegidas da doença grave e não se recordam desse fato. Ficam os relatos de eventos adversos, muitas vezes nem relacionados a vacina, mas não se tem registro dos casos graves e mortes evitadas pelas vacinas ”, observou Boaventura

A importância das vacinas vai além da proteção individual. Suani Pinho, física e membro do Conselho Diretor da Academia de Ciências da Bahia, ressaltou o conceito de imunidade coletiva, que ganhou relevância após a Segunda Guerra Mundial. Pinho, que estuda modelos matemáticos e suas relações com a transmissibilidade de doenças, explicou que o número de reprodução básico (R0) é crucial para entender a imunidade da população. “Esse número indica quantas pessoas, em média, uma pessoa infectada pode transmitir a doença. Para garantir a proteção de uma população, é necessário imunizar um número suficiente de indivíduos para reduzir a transmissão”, explicou Pinho. Ela acrescentou que essa compreensão foi fundamental para a adoção de medidas de isolamento social durante a pandemia, visando controlar a disseminação do vírus até que uma proporção adequada da população estivesse vacinada.

Os especialistas são unânimes em afirmar que a vacinação é uma ferramenta essencial para salvar vidas e proteger populações inteiras. A ciência por trás das vacinas contra a Covid-19 demonstra um esforço global sem precedentes, onde investimentos massivos e colaborações internacionais permitiram um desenvolvimento rápido e seguro, refletindo a importância das vacinas na saúde pública mundial. O evento Pint Of Science em Salvador, com o apoio da Academia de Ciências da Bahia, é plataforma para disseminar esse conhecimento e reforçar a confiança na ciência.

 

Texto: Valéria Borges (Fiocruz Bahia) e Karina de Souza (ACB)

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