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Edufba lança 2ª edição de Independência do Brasil na Bahia, de Luis Henrique Dias Tavares

Como parte das comemorações do bicentenário da Independência, a Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) lançou a 2ª edição do livro “Independência do Brasil na Bahia”, do professor emérito da UFBA, o baiano Luis Henrique Dias Tavares (1926-2020), geógrafo e doutor em história, com pós-doutorado na Universidade de Londres. O prefácio dessa segunda edição revista é de Laurentino Gomes, jornalista e membro titular da Academia Paranaense de Letras, para quem o livro do professor Luis Henrique é “o melhor, mais completo e mais profundo mergulho no assunto que jamais se fez na historiografia brasileira”.

O evento, realizado no dia 28 de junho de 2023, na antessala do Gabinete do Reitor da UFBA, contou com a presença de professores, acadêmicos, jornalistas e estudiosos que participaram de uma roda de conversa com Emiliano José, jornalista, escritor e membro titular da Academia de Letras da Bahia; e Sérgio Guerra Filho, professor da UFRB e doutor em história com experiência em história regional do Brasil. Os dois palestrantes foram apresentados pelo reitor Paulo Miguez, que destacou “o encantamento” de fazer esse lançamento do livro do professor Luis Henrique poucos dias antes das comemorações dos 200 anos da independência “do nosso 2 de Julho” que coincide com o aniversário da Universidade Federal da Bahia, que neste ano comemorou seu 77° aniversário.

“É algo que nos encanta, ainda mais porque isso está podendo ser feito depois de tantos tempos sombrios, depois de quatro anos tão difíceis para todos aqueles que prezam liberdade, independência; anos tão difíceis para essa casa, atacada de todas as formas, durante todo esse tempo. A Universidade Federal da Bahia, bem como todas as outras universidades, sofreu muito ao longo desse período, mas a UFBA sofreu ainda mais, porque foi uma das escolhidas para a sanha de um ministro da educação que desrespeitou essa casa o tempo inteiro. Esse tempo de ameaça ficou para trás”, declarou Miguez.

O jornalista Luis Guilherme Ponte Tavares, filho do professor Luis Henrique, declarou que o que importava naquela oportunidade do lançamento da 2ª edição do livro Independência do Brasil na Bahia “é o trato respeitoso da Universidade Federal da Bahia para com o professor emérito Luis Henrique Dias Tavares”.

A INDEPENDÊNCIA AQUI CONSOLIDADA

Para o professor Sérgio Guerra Filho, as obras que estão sendo publicadas atualmente e que ainda estão por sair sobre a independência do Brasil trazem uma outra forma de narrar a independência, incluindo as lutas na Bahia, no Piauí, Pará e Maranhão, “porque houve guerra também nesses outros espaços, e não só nesses espaços”, afirma o professor.

“Eu creio que a historiografia avançou muito. Eu estou vendo aqui (presentes na plateia) o professor Hendrik Kraay da University of Calgary, no Canadá, e a professora Lina Aras, da UFBA, e muita gente que tem escrito sobre a participação das populações indígenas, das populações afro brasileiras, das mulheres; então muita coisa tem sido realizada, produzindo um efeito nesta independência, que de alguma forma se libertou daquele quadro do grito do Ipiranga (a pintura “Independência ou Morte” de Pedro Américo). Então, hoje, os que falam em independência tem muito mais haver com aquele [outro] quadro que pinta a batalha do 25 de junho, porque ali, diferente do 7 de setembro que só tem militares e Dom Pedro I no centro, e que de alguma forma sintetiza a independência num “grito”, o quadro do 25 de junho (a pintura “O Primeiro Passo para a Independência” de Antônio Parreiras) traz mulheres, crianças, negros, indígenas, religiosos, civis, militares, pessoas feridas, a praça, as batalhas, para poder contar uma outra narrativa sobre “essa independência”. Eu acho que isto é muito graças ao trabalho do professor Luis Henrique”.

Guerra Filho acredita que a obra do professor Luis Henrique é fundamental nesse processo histórico como um divisor de águas, primeiro por conter uma pesquisa minuciosa que vai além dos arquivos baianos, e segundo por sua abordagem inovadora com a inclusão dos conflitos sociais, das decorrências políticas, para além da vitória militar.

DIA TRISTE

Já o jornalista e escritor Emiliano José lembrou que “por essas artes do destino, terminei na Academia de Letras da Bahia e ocupei a cadeira numero um, que era ocupada pelo professor Luis Henrique Dias Tavares e, por força disso, eu tive que entendê-lo melhor e mergulhar um pouco mais na extraordinária obra do professor”. E nesta imersão, Emiliano destaca a densidade e o olhar agudo do pesquisador Luis Henrique e como ele soube retratar a história da Bahia com um olhar dialético.

“O olhar dele sobre o 2 de Julho é um olhar de uma águia histórica, capaz de apreender toda a complexidade daquele acontecimento histórico, [quando] demonstra que foi muito importante para a independência do Brasil, a luta do 2 de julho de 1823 aqui [na Bahia]. Ele [o historiador] mostra que 2 de julho desmontou as tentativas de acomodação que ocorriam no país [….] ao mesmo tempo em que também demonstra que a outra luta que estava embutida na guerra pela independência, que era a luta contra a escravidão, [esta] não se realizou. O 2 de julho de 1823 foi um dia triste, o exército que entrou em Salvador era um exército de maltrapilhos, de doentes, de esfarrapados. Então o professor Luis Henrique Dias Tavares é um gigante da história da Bahia”, declarou Emiliano.

HONRA AO DOIS DE JULHO

A professora titular do departamento de história da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, Lina Maria Brandão de Aras, lembrou que o professor Luis Henrique foi um dos quadros mais importantes do departamento quando da criação do curso de História.

“Para mim, pessoalmente, ele foi muito mais do que um professor, porque ele foi um professor para a vida, um mestre, um dedicado a pesquisa, suas obras muito influenciou os estudos posteriores sobre a guerra de independência do Brasil na Bahia. Eu quero dizer que eu fui muito influenciada por ele não só pela forma da escrita da história através da sua precisão, mas também pelo seu cuidado com as pessoas que o procuravam e que ele orientava. Era uma pessoa muito atenciosa e generosa, e esse ato aqui na Reitoria é realmente honrar ao 2 de Julho e a memória do professor Luiz Henrique”.

Fonte: UFBA / Edgardigital

Foto: UFBA / Edgardigital (Foto: Marco Queiroz)

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