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40 anos da pesquisa brasileira na Antártica

História contada a partir da perspectiva dos pesquisadores pioneiros e das novas gerações resgata a construção e os avanços até tornar-se o programa mais longevo da ciência brasileira. Por que o Brasil realiza pesquisas no continente gelado? Como tudo começou? Como se construiu o mais longevo programa científico brasileiro? Essas perguntas são respondidas no documentário ‘40 anos de pesquisa brasileira na Antártica’ lançado no último dia 7 de dezembro. A produção foi coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da Coordenação-Geral de Ciência para Oceano, Antártica e Geociências da Secretaria de Pesquisa e Formação Científica (CGOA/SEPEF).

O ministro do MCTI, Paulo Alvim, destacou que a celebração de 40 anos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é resultado de um grande esforço da comunidade científica brasileira, envolvendo as universidades e o governo federal, por meio da Comissão Interministerial dos Recursos do Mar (CIRM) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para viabilizar o acesso aos cientistas brasileiros à Antártica. “Isso precisa ser celebrado e registrado. Por isso, o lançamento do documentário é estratégico para a história da ciência brasileira”, afirmou Alvim.

“Esse documentário foi produzido para celebrar as quatro décadas de existência do programa científico mais longevo da ciência brasileira, resgatar a memória dos pioneiros e mostrar para a sociedade a relevância das pesquisas brasileiras. O que acontece na Antártica tem influência direta sobre o Brasil”, afirmou o secretário SEPEF, Marcelo Morales.

O presidente do CNPq, Evaldo Vilela, saudou a iniciativa e lembrou da importância estratégica do programa não só para a ciência brasileira, como para a soberania do país.

O documentário é segmentado em dois momentos. No primeiro, a história é contada por meio dos relatos dos pesquisadores pioneiros. Na segunda parte, é destacada a gestão da pesquisa do Proantar.

Um dos depoimentos é do professor Vicente Gomes, da Universidade de São Paulo (USP). Ele ainda era estudante quando participou da primeira expedição brasileira do Proantar. Gomes atuou na função de auxiliar para distribuir as vestimentas. “As expectativas eram muitas e não havia as facilidades que existem hoje”, afirma Gomes no documentário.  Segundo ele, antes disso apenas um meteorologista brasileiro havia participado de uma expedição à região.

O pesquisador da USP, Frederico Brandini, que também integrou a primeira expedição no início da década de 1980, relata que inicialmente o interesse era estudar os estoques de krill, conjunto de espécies de animais invertebrados semelhantes ao camarão das quais as baleias se alimentam, como a baleia-jubarte que busca as águas da costa brasileira para reprodução. A pesquisadora do MCTI e do Ministério do Meio Ambiente, Tania Brito, destaca como o espectro de interesse científico se ampliou.  “A Antártica é a memória ancestral das condições climáticas e ambientais. É a memória climática da Terra”, resume.

A primeira operação Antártica brasileira tinha objetivo exploratório, com coleta de dados de hidrografia, oceanografia e meteorologia, e a escolha do local para a instalação da estação brasileira. A Estação Antártica Comandante Ferraz foi instalada já na segunda Operantar, realizada no verão de 1983/84. Hoje, o Brasil conta com a mais moderna estação no continente gelado equipada com 17 laboratórios para atender as diferentes áreas do conhecimento. A estação é operada o ano inteiro e recebe os pesquisadores durante o verão austral, de outubro a abril.

O documentário também aborda como a criação de redes de pesquisa contribuiu para a integração, organização e institucionalização do programa. Desde 1991, o MCTI, em conjunto com CNPq/MCTI, é o responsável pela parte científica do Programa Antártico do Brasil e gerencia o Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (Conapa) e o Programa Ciência Antártica.

O Secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar da Marinha do Brasil (SECIRM), e gerente do Programa Antártico Brasileiro, Contra-Almirante Marco Antônio Linhares Soares, leu um trecho do relatório sobre a primeira viagem 1ª Operantar, realizada em 1982. Os resultados colhidos pela equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registravam anomalias magnéticas e coleta de amostras zooplâncton e Krill foram satisfatórias. “Minha missão é assegurar a continuidade da pesquisa e da presença brasileira na Antártica, que são objetivos inafastáveis”, afirmou o Almirante. 

Na última década, o Proantar atingiu patamar de expressão mundial e o Brasil assumiu um papel de destaque nas pesquisas antárticas no mundo, bem como de líder na América Latina. Reflexo dessa situação é que um dos vice-Presidentes do Comitê Científico de Pesquisa Antártica (SCAR, na sigla em inglês), órgão internacional balizador das atividades científicas realizadas na Antártica, é o professor Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A produção do documentário recebeu financiamento do GEF/PNUD por meio do projeto de cooperação internacional da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC.

NÚMEROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Um estudo bibliométrico inédito encomendado pelo MCTI e apoiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), detalhou a produção científica em 40 anos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). O panorama sistemático indica a quantidade de publicação, pesquisadores, instituições de pesquisa e de fomento desde 1982, quando o programa foi instituído.

São apresentados os indicadores de produção das 1.242 publicações identificadas como resultantes de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Proantar. A produção ganha mais expressão a partir de 2015, mas é nos últimos três anos, de 2019 a 2021, que superou a marca de 100 publicações anuais.  

Do ponto de vista institucional, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro são as mais produtivas se considerado o corpus analisado. Essas instituições também estão entre as que receberam maior número de bolsas e recursos financeiros em geral do programa, o que dá indícios da aplicação dos recursos revertidos em produção de conhecimento científico.

A distribuição das publicações entre as áreas do conhecimento indique que a Biologia é a área com maior produtividade com 401 publicações, seguida pela área de Geologia, com 256, e a Oceanografia, com 249.

O documento também apresenta as principais agências financiadoras. O CNPq foi indicado como a principal agência de fomento de 481 publicações, seguido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) com 224 publicações e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em terceiro lugar com 157 publicações.

 

O relatório pode ser acessado na íntegra neste link.

                         

Fonte: CNPq / MCTI

Foto: Felipe Sugimoto (SEAPC/MCTI)

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