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17ª edição do Prêmio L’Oréal-ABC-Unesco para Mulheres na Ciência

Sete jovens mulheres cientistas foram premiadas na 17ª edição do Prêmio L’Oréal-ABC-Unesco. Entre as pesquisas escolhidas, estão temas como inteligência artificial, doenças do sistema nervoso e o impacto das mudanças climáticas nos rios. O júri que escolheu as vencedoras foi formado por cientistas da Academia Brasileira de Ciências (ABC), liderados pela presidente Helena B. Nader. Também fez parte do júri, o vice-presidente da ABC Jailson de Andrade, que também integra a Academia de Ciências da Bahia. 

No dia 30/11, ocorreu a entrega da 17ª edição do Prêmio L’Oréal-ABC-Unesco Para Mulheres na Ciência (ABC), uma iniciativa da L’Oréal Brasil com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Unesco que premia anualmente sete jovens mulheres cientistas com o objetivo de promover e reconhecer a participação feminina na ciência. Após dois anos acontecendo de forma remota, esta edição marcou a retomada da premiação aos encontros presenciais. A cerimônia ocorreu na sede da L’Oréal Brasil, no Rio de Janeiro. 

Neste ano, foram premiadas as Acadêmicas Giovana Bataglion (Ufam), na área de química, e Gisely Cardoso Melo (FMT), na área de ciências da vida. Na mesma categoria, foram premiadas também Grazielle Sales Teodoro (UFPA), Patricia Takaka Endo (UPE) e Tathiane Malta (USP); Daiane Aparecida Zuanetti (Ufscar) foi reconhecida por sua pesquisa no campo da matemática; e Fernanda Selingardi Matias (Ufal), foi a homenageada na área de física. Entre as pesquisas escolhidas, estão temas como inteligência artificial, doenças do sistema nervoso e o impacto das mudanças climáticas nos rios. Saiba mais sobre as pesquisas de cada uma das cientistas. 

Por trás da escolha das vencedoras, está um júri composto por membros titulares da ABC, liderado pela presidente Helena B. Nader. São eles: Aldo Ângelo Moreira Lima (UFC), Angela Maria Vianna Morgante (USP), Beatriz Leonor Silveira Barbuy (USP), Cid Bartolomeu de Araújo (UFPE), Jailson de Andrade (UFBA, vice-presidente da ABC), Lucia Previato (UFRJ), Luiz Drude de Lacerda (UFC), Mara Helena Hutz (UFRGS), Marcelo Viana (Impa), Marcia Barbosa (UFRGS), Maria Domingues Vargas (UFF, diretora da ABC), Mercedes Bustamante (UnB, diretora da ABC), Patricia Bozza (vice-presidente da ABC para a Região do Rio de Janeiro), Rosália Mendez-Otero (UFRJ), Santuza Teixeira (UFMG).  

ORGANIZAÇÕES COMPROMETIDAS COM O FUTURO

Para Renata Capucci, apresentadora do prêmio há 15 anos, a premiação sempre é emocionante. Esse ano, os discursos dos convidados abordaram, principalmente, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS30), a diversidade, e a maternidade – este último, inclusive, foi o motivo da homenageada Fernanda Selingardi, não poder comparecer à premiação. A vencedora na área de física deu luz ao filho Caio no dia 20/11.

Marcelo Zimet, primeiro presidente brasileiro da L’Oréal Brasil, expôs os principais planos da empresa para colaborar com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): até 2030, a empresa planeja usar 100% de produtos naturais, reciclar água de todos os processos laboratoriais e plantar 1 milhão de hectares. Esse conjunto de ações faz parte do compromisso que a L’Oréal e seus cientistas possuem com a ciência e também com a preservação do planeta. “O Brasil, por si só, já é um grande laboratório a céu aberto. Além da diversidade de pele e cabelo, que é o que trabalhamos na empresa, temos a nossa biodiversidade, que é única. Nossas ações destacam o compromisso.” Encerrando o discurso, Zimet saudou as vencedoras com o slogan da premiação deste ano: “O mundo precisa de ciência e a ciência precisa de mulheres.”

“Essa premiação é a melhor demonstração que a ciência brasileira ainda é criativa e pujante”, ponderou Fabio Eon, representante da Unesco Brasil, ao afirmar que sai de “alma lavada” após cada cerimônia do PMNC. Segundo Eon, a pandemia veio para renovar a fé da população na ciência – e também para mostrar que é através dela que são alcançadas as soluções para as grandes crises sanitárias que podem atingir o planeta. O cientista político destacou o empenho da Unesco em sua mais recente pesquisa, que será publicada em março, que publicará dados sobre a presença de mulheres na universidade.

MULHERES QUE FALAM PARA MULHERES

Para Helena B. Nader, primeira presidente mulher da ABC, estar na premiação é um regozijo: uma prova de quem nem tudo está perdido e que ainda é possível reverter muitos dos processos de danos que o país vem enfrentando. A biomédica destacou a importância de ver mães recebendo o prêmio, mas ressaltou que formar uma família não pode ser uma imposição a nenhuma mulher: “Essa é uma cobrança que não pode existir. A maternidade tem que ser algo que cada um vai definir, e não uma sociedade, ou uma determinada linha de carreira.”

“A ABC, nos seus 106 anos, se sente muito honrada de fazer parte dessa história de 17 anos de sucesso. É possível afirmar que o esse prêmio é muito mais do que o dinheiro, o valor do auxílio. Esse prêmio tem uma história de alto impacto no nosso país”, apontou Nader, destacando a demanda consolidada do programa por quase duas décadas.

Após um longo processo seletivo, Nader afirmou estar muito emocionada com a cerimônia, e de ter a oportunidade não apenas de conhecer os currículos das homenageadas, mas também suas histórias de vida. A professora da Unifesp destacou o compromisso que elas terão de agora em diante: “Vocês são vencedoras e são modelos para outras. Irão inspirar mulheres e meninas a ingressar na carreira científica. Vocês têm a missão de missão de promover a igualdade de gênero e a pluralidade na ciência”

DIVERSIDADE PARA ALÉM DA QUESTÃO DE GÊNERO

Nos últimos três anos, a pandemia impactou não apenas o Brasil, mas todo o mundo – escancarando as falhas nas estruturas das universidades públicas e da sociedade brasileira. Para comentar essa questão e as perspectivas para um futuro inclusivo e de soberania científica para o país, a pesquisadora Nina da Hora (CTS-FGV/Tik Tok/MIT Techonolgy Review) fez um discurso muito incentivador sobre a necessidade de a academia promover espaços de acolhimento, segurança e representatividade.

Da Hora explicou que, hoje, o cerne da questão é mais sobre a equidade dentro de sala de aula do que sobre superioridade – algo que os pesquisadores mais já começaram a perceber. Para ela, o debate não deve ser restrito apenas à causa feminina, mas deve incluir outras pautas de diversidade, como a inserção de pessoas LGBTQIAP+ e negras na academia: “Entendi, ao longo dos últimos anos, que precisamos nos colocar no papel de troca e não no papel de superioridade. E essa nova geração está preocupada em fazer as trocas para que possamos dar continuidade a ciência no Brasil.” A cientista da computação destacou seu compromisso com a comunidade científica brasileira, e se mostrou otimista com o futuro do país: “precisamos retomar a alegria de sermos brasileiros não só na ciência, mas na vida.”

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Para encerrar a noite, a Acadêmica Gisely Cardoso foi a responsável pelo discurso de agradecimento das vencedoras. Em nome das sete pesquisadoras, Cardoso destacou a importância deste prêmio em suas jornadas.

Para embasar seu discurso, a pesquisadora apresentou dados de muita importância sobre a relação entre mulher e a academia: atualmente, 44% das pesquisas são feitas por mulheres. No entanto, 50% delas ainda sofrem assédio sexual e/ou moral. Em até 10 anos, é esperado que o número de mulheres na carreira científica ultrapasse o número de homens – o que não significa que haverá uma equidade de gênero. “Além disso, a mulher pesquisadora ainda precisa lidar com a pressão das exigências familiares”, ressalta Cardoso. “Ser mãe e cientista requer equilíbrio entre a vida profissional e familiar, já que a vida cientifica requer muita produtividade e competitividade. ”

Cardoso de Melo comentou também sobre a importância de expandir o debate sobre desigualdade de gênero para além dos limites das universidades e centros de pesquisa, e incluir também outros tópicos relacionados a diversidade: “Este ano foi gratificante que o programa aumentou a representação para várias regiões do país: entre as vencedoras, temos três representantes da região Norte e duas da região Nordeste. Além da questão do feminino, é preciso destacar também as questões racial e regional.”

“O dia de hoje sempre será lembrado com gratidão. Será um incentivo para persistimos. Mesmo quando o mundo parecer desmoronar, ou quando noa sentirmos culpadas de não dar atenção para os filhos, esse prêmio irá nos lembrar que tudo valeu a pena”, disse a cientista, emocionada. Como forma de retribuição pelo prêmio, as cientistas se comprometeram em dar um retorno cada vez mais efetivo de suas pesquisas para a sociedade. “Um grande viva às mulheres e a um futuro onde ciência e diversidade caminhem juntas!”

 

Fonte: Academia Brasileira de Ciências

(Carol Telles para NABC | Créditos: Patrick Gomes)

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