Os novos membros da ABC os premiados do CNPq
O presidente da Academia de Ciências da Bahia e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jailson Bittencourt, recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia 2022.
Compuseram a mesa o ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Paulo César Rezende de Carvalho Alvim; o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich; o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Acadêmico Evaldo Ferreira Vilela; o diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil, almirante-de-esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar; o presidente da Diretoria Executiva da Fundação Conrado Wessel (FCW), Acadêmico Erney Felício Plessmann de Camargo; a vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Fernanda Sobral; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Carlos Chagas Filho (Faperj) Jerson Lima Silva e o presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti), Rafael Pontes Lima.
HOMENAGENS DO CNPQ
O Acadêmico Evaldo Vilela, presidente do CNPq, agradeceu, em nome de todos os brasileiros, aos cientistas – que são tão importantes para a nossa sociedade. “O CNPq hoje outorga hoje os títulos de pesquisador emérito e as menções de agradecimento a alguns pesquisadores e instituições comprometidas com a produção de ciência de excelência”, apontou.
Ele cumprimentou o prof. Jailson Bittencourt, que recebeu na ocasião o prêmio que tem o nome do Almirante Álvaro Alberto, “um visionário, que desenhou uma estrutura central de fomento para a ciência brasileira, criando o CNPq”. Agradeceu ainda o apoio da Fundação Conrado Wessel nessa premiação e a parceria com a ABC, que possibilitou este ano a realização do Simpósio Comemorativo dos 70 Anos do CNPq e da imperdível REVISTAq. Agradeceu, ainda, a ativa atuação de Helena Nader no Conselho Deliberativo do CNPq, ao cumprimentá-la pelo novo cargo.
Vilela ressaltou que, “nesse cenário desafiador que o mundo enfrenta, nos empenhamos na busca por mais recursos para pesquisa no país. O esforço que permitiu a liberação do FNDCT, que irrigou a ciência brasileira este ano, tem que continuar. Estamos conseguindo cumprir nossos compromissos com os INCTs , o programa RHAE e a Chamada Universal”, relatou.
Pensando no desenvolvimento do país, segundo Vilela, o CNPq está investindo numa ciência mais colaborativa e estratégica. “Estamos lançando uma chamada especial para as ciências humanas e sociais, dentro da ideia da ciência orientada à missão. O presidente do CNPq afirmou que a ciência brasileira tem feito grandes realizações com orçamento limitado. “Agora, temos a confiança de que vamos conseguir distribuir mais recursos – não é o bastante, mas vão apoiar diversos laboratórios.”
PRÊMIO ALMIRANTE ÁLVARO ALBERTO PARA A CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Em 1981 foi criado o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia, alterado em 1986, quando passou a ser denominado Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, uma parceria entre o MCTI, o CNPq a Marinha do Brasil. É a mais importante honraria em ciência e tecnologia do Brasil, atribuído ao pesquisador ou pesquisadora que tenha se destacado pela realização de obra científica ou tecnológica de constituindo reconhecido valor para o progresso de sua área.
O prêmio contempla, alternadamente, uma grande área do conhecimento por ano: ciências humanas e sociais, letras e artes, ciências da vida e ciências exatas, da Terra e engenharias, foco da edição de 2022. Ao agraciado é concedido um diploma e uma medalha do CNPq, MCTI e Marinha; premiação em espécie concedida pelo CNPq; visita ao Centro Experimental Aramar, em Iperó, São Paulo, do Programa Nuclear da Marinha, e uma viagem à Antártica, oferecidas pela Marinha do Brasil.
O agraciado com a honraria, em 2022, foi o químico Jailson Bittencourt de Andrade. Professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atuante no Centro Universitário Senai/Cimatec, Jailson Bittencourt é um importante nome da pesquisa brasileira, desenvolvendo pesquisas em química inorgânica, analítica, ambiental, de energia e combustíveis. Bolsista de produtividade em pesquisa 1A do CNPq, ele coordena, atualmente, o INCT em Energia e Ambiente do programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do CNPq/MCTI, e o Estudo Multidisciplinar da Bahia de Todos os Santos – Projeto Kirimurê, planejado para durar 30 anos que no momento está no 15º ano, sem interrupção.
Licenciado, bacharel e mestre em química UFBA e doutor em Ciências pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), realizou estudos de pós-doutoramento no Laboratório Nacional Brookhaven, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico do Governo Brasileiro em 1998, no grau Comendador, e em 2009, no grau Grã-Cruz. Recebeu a Medalha Fritz Fiegl, em 2004, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ-UFRJ), e, em 2013, deu nome a um novo laboratório na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o Laboratório de Cromatografia Prof. Dr. Jailson Bittencourt de Andrade. Além disso, recebeu a inédita medalha dos 70 anos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC –RJ), instituição na qual fez o doutorado. É membro da da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês) e da Royal Society of Chemistry do Reino Unido. Recebeu a Medalha Simão Mathias da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), que presidiu. Em 2016, foi criado o Prêmio Química Nova Interativa “Jailson Bittencourt de Andrade” pela SBQ, conferido a professores e estudantes que tenham contribuição original e criativa para a formação de químicos de todas as áreas, sob forma de texto, experimento, vídeo, música ou imagem. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da qual foi vice-presidente para a região Nordeste e Espírito Santo na última diretoria da ABC.
Após a entrega dos prêmios, Andrade recebeu ainda das mãos do almirante-de-esquadra Petronio o Farol, tradicional honraria da Marinha do Brasil, simbolizando a luz que emana o conhecimento.
Agradecendo as homenagens, Andrade focou seu discurso no que considera uma das maiores ameaças à população brasileira hoje: o mercúrio (Hg). É uma ameaça que se propaga pelo ar atmosférico, seja na forma de vapor como também associada ao material particulado atmosférico inalável, que atinge a região alveolar dos pulmões e entra diretamente na corrente sanguínea. “O Brasil não produz mercúrio, mas toneladas deste elemento são ‘importadas’ de vários países, especialmente, dos continentes americano e europeu. A contaminação por Hg no nosso país atinge os organismos vivos, solo, água e sedimento e está em todos os compartimentos”, alertou Andrade.
Ele apelou para que o ministro Paulo Alvim lidere os demais ministérios, em especial o Ministério de Relações Exteriores, no apoio a um amplo estudo, em todo o território nacional, sobre o mercúrio e o seu impacto no ambiente e nos seres vivos. Sugeriu também que a Academia Brasileira de Ciências lidere a elaboração de um grande programa de pesquisas sobre o mercúrio, “de modo que possamos ter uma visão ampla de como a substância está afetando todo o país. Este programa precisa ir além da ciência, propondo desafios tecnológicos e inovadores para a mitigação dos impactos, exaltou Andrade.
Em resumo, destacou que estamos numa situação crítica e somente com ações articuladas de educação, ciência, tecnologia e inovação poderemos entender esta ameaça e propor ações mitigadoras.
NOVA PRESIDENTE SE APRESENTA
A biomédica Helena Bonciani Nader, eleita na Assembleia Geral Ordinária de 29 de março para presidir a Academia Brasileira de Ciências pelo triênio 2022- 2025, assumiu a presidência na noite de 4 de maio. Em seu discurso, agradeceu aos colegas de Diretoria, com quem conviveu como vice-presidente nos últimos três anos, e apresentou a nova Diretoria, esta composta por oito homens e cinco mulheres, todos grandes cientistas, diversos também nas áreas de pesquisa e nas regiões do Brasil em que atuam. “Esperamos contar com o apoio de cada membro titular, afiliado e colaborador para que se cumpra a missão final da ABC: ciência e educação para o benefício de todos. Precisamos mostrar claramente para a sociedade e governos que políticas de educação, ciência, tecnologia e inovação são políticas de Estado e de longo prazo”, ressaltou.
Nader lembrou que o desenvolvimento sustentável foi definido pelas Nações Unidas como aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades. Ressaltou que para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, é fundamental harmonizar os aspectos sociais, econômicos e ambientais, que estão interligados e são cruciais para o bem-estar dos indivíduos e das sociedades. “A ABC entende que todos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 proposta pela ONU, da qual o Brasil é signatário, envolvem muita ciência e nossa participação nessa agenda é fundamental”, declarou.
A pesquisadora destacou que, de acordo com a ciência, essa talvez seja a última grande chance de transformar nossa história, uma janela de oportunidade única. Isso porque as projeções demográficas das Nações Unidas indicam que, a partir de 2070, a maioria da população brasileira estará com idade igual ou superior a 65 anos. “Temos, então, um período de cerca de 40 anos pela frente na pirâmide demográfica. É urgente investir na educação de qualidade em todos os níveis, para alcançarmos uma sociedade justa e comprometida com os direitos humanos – pacto internacional do qual o Brasil, inclusive, foi um dos primeiros signatários”, observou Nader.
Ela manifestou sua solidariedade às famílias de mais de 664.000 brasileiros que perderam a vida em função da covid-19 e ao povo yanomami, assim como a todos os demais povos indígenas que vêm sofrendo as mais diversas violências e violações de direitos. Alertou que a interlocução da ABC com os diferentes atores deverá ser ampliada, em especial, junto aos diferentes ministérios e parlamento, “pois educação, ciência, tecnologia e inovação são os motores do desenvolvimento sustentável, com inclusão e justiça social, cuidado ambiental, crescimento econômico para todas as brasileiras e todos os brasileiros de forma equânime.”
Fonte: Academia Brasileira de Ciências
Elisa Oswaldo-Cruz para NABC / Fotos: Cristina Lacerda