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Pesquisa da Uesb mostra como a educação chega aos brasileiros que moram no campo

O estudo foi publicado no periódico internacional “Education Policy Analysis Archives”, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Discutir essa questão, abordando políticas de educação inclusiva na dimensão dos direitos humanos, é a proposta da pesquisa “Movimentos Sociais do Campo, práxis, política e inclusão em Educação: perspectivas e avanços no Brasil contemporâneo”. O trabalho foi produzido pela professora da Uesb, Arlete Ramos, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd), em parceria com a docente da Universidade Estadual do Ceará, Lia Barbosa, e é uma iniciativa da Rede Latinoamericana de educadores do campo, cidade e movimentos sociais.

EDUCAÇÃO DO CAMPO X EDUCAÇÃO  RURAL

De acordo com a pesquisadora Arlete Ramos, um dos primeiros desafios enfrentados nessa discussão é justamente entender o que significa Educação do Campo e Educação Rural. A diferença entre elas se dá nas práticas pedagógicas, gestão educacional e políticas educacionais. “A Educação do Campo se origina dos movimentos sociais, das lutas dos trabalhadores do campo. Diferente da Educação Rural, que é um projeto do sistema capitalista, para manter a hegemonia da Educação numa perspectiva dualista, que é de classe do campo que se reverbera por meio do agronegócio”, contextualiza.

Compreender essa diferença é fundamental para buscar a melhoria, visto que, conforme a pesquisa, a Educação do Campo deve ser horizontalizada, para que seja respeitada também a forma como o trabalhador rural produz. “Desse modo, deve prescindir de um currículo que valorize a realidade do aluno, e a formação de professores voltada para o atendimento aos sujeitos camponeses”, pontua Ramos.

POLÍTICAS PÚBLICAS

Entender as políticas públicas de educação inclusiva, observando seu surgimento, diretrizes, avanços e desafios, é uma das tarefas que devem ser realizadas. De acordo com a pesquisadora da Uesb, o surgimento da Educação do Campo se dá no primeiro Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (Enera), em 1997, mas se transforma em uma política pública, com as diretrizes operacionais, em 2002. Nesse contexto, desde 2002 até os últimos anos, pergunta-se: “quais foram os avanços que aconteceram no campo, nas áreas rurais do Brasil?”.

Segundo Ramos, desde a década de 1990, movimentos sociais vêm se articulando para debater questões educacionais. A pesquisa aponta que, entre os principais ganhos dessa política de Educação do Campo, estão ações relacionadas à conquista de espaços públicos de luta, divulgação das experiências em cursos específicos e programas, inserção na agenda política e normativa do país com resoluções e decretos específicos.

Além disso, destacam-se a produção acadêmico-científica de natureza coletiva, a organização curricular diferenciada, a flexibilização do calendário escolar, o ano letivo estruturado independente do ano civil e os espaços de aprendizagem que vão além da sala de aula, e contemplam também a lida no campo, a família, a convivência social, a cultura, o lazer e os movimentos sociais. Para as pesquisadoras, a organização do ensino em séries anuais, períodos semestrais, ciclos e a alternância regular de períodos de estudos também representaram um avanço.

DIRETRIZES

A partir disso, as principais diretrizes criadas a partir de programas governamentais e que apontam ações voltadas para a melhoria da Educação do Campo vão desde a formação de professores, passando pelas questões de gestão e práticas pedagógicas, infraestruturas das escolas, transporte escolar. Segundo a professora, “todas essas ações impactam diretamente na qualidade do processo ensino-aprendizagem das escolas do campo”.

A pesquisa foi publicada no periódico internacional “Education Policy Analysis Archives”, da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, e pode ser acessado aqui. Também é possível realizar o download do estudo em português.

Fonte: UESB

Foto: Ascom UESB

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