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Luz, incerteza e descoberta: Luiz Davidovich fala de Quântica e abre ano acadêmico

Max Planck (1858-1947), Albert Einstein (1879-1955) e Marie Curie (1867-1934). Esses são alguns dos cientistas que, antes dos 30 anos, já estavam imersos em descobertas que moldaram o futuro da ciência e da tecnologia. Foi evocando a imagem desses jovens curiosos que o físico Luiz Davidovich iniciou a conferência “Da curiosidade dos jovens cientistas às novas tecnologias quânticas”, que marca a abertura do Ano Acadêmico da Academia de Ciências da Bahia (ACB) de 2025. A conferência foi realizada nesta quarta-feira, 26 de março, no Auditório B do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Realizado pela Academia de Ciências da Bahia (ACB), o Instituto de Física da UFBA e o International Year of Quantum Science and Technology , este é o primeiro de seis encontros dessa parceria.

Dirigindo-se especialmente aos jovens pesquisadores que lotaram o auditório, Davidovich lançou um chamado para que “empunhem essas bandeiras de luta” pelo conhecimento, sem objetivar, necessariamente, a busca de aplicações imediatas. Para ilustrar essa ideia, lembrou que as investigações sobre o comportamento da luz não tinham inicialmente um propósito prático, mas abriram caminho para avanços diversos e lembra que assim acontecem nas descobertas que marcaram os últimos séculos. “Ela nasce da curiosidade, do embate de ideias”, ressaltou o físico, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências. A conferência completa está disponível no YouTube da Academia. 

Nessa perspectiva, aprofundou-se nas descobertas do campo quântico e, segundo Davidovich,  os achados iniciais desse campo não foram frutos de uma busca dirigida a aplicações, mas da inquietação em compreender fenômenos físicos que desafiavam a observação direta. “Eles não tinham a menor ideia de aplicações diretas do que estavam fazendo. O que os movia era a curiosidade e os sonhos. E os sonhos alimentam a ciência”, enfatizou. 

Para exemplificar, ele falou sobre Werner Heisenberg (1901-1976). Mesmo sem uma visão clara das aplicações diretas, o físico teórico austríaco Heisenberg, inspirado por Niels Bohr (1885-1962), buscou estruturar os princípios da mecânica quântica dentro de um formalismo matemático rigoroso. Essa busca pela precisão conceitual e matemática consolidou a mecânica quântica como um dos pilares fundamentais da física moderna, abrindo caminho para tecnologias que, à época, sequer poderiam ser imaginadas. E com esse conhecimento, originam-se as possibilidades de uma supercomputação e até mesmo o uso de medicamentos.

Aplicações são necessárias

Mover-se por sonhos e por inquietações não elimina a potência da ciência na vida prática, pontuou o físico. Um exemplo dado foi a tomografia. Tendo em vista que, em 1905, Albert Einstein, desafiando o entendimento clássico da radiação, propôs que a energia de cada quantum era proporcional à frequência, em suma. Sua teoria rompeu com a noção de um fluxo contínuo de radiação e lançou as bases para a ideia de quantização da energia. Ano depois, esse entendimento vai originar o surgimento da tomografia, tecnologia que levou os cientistas Allan M. Cormack e Godfrey N. Hounsfield a receberem o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1979.

Outro exemplo dado, é que em setembro de 2023, foi incorporada ao Sistema Único de Saúde a Terapia Fotodinâmica para câncer de pele. Desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP), a terapia fotodinâmica (TFD) é um tratamento que usa luz e medicamentos para destruir células de lesões. Para obter esse resultado, o fotossensibilizador absorve a luz de um comprimento de onda específico, ao ficar excitado interage com o oxigênio, gerando radicais livres e esses radicais danificam as células do câncer, por exemplo, levando à sua morte.

Ao final do evento, o estudante do Programa de Pós-Graduação em Física do Instituto de Física da UFBA, Antônio Júnior, de 26 anos, pegou uma breve fila para tirar uma foto com o professor Luiz Davidovich. “Eu acho que o ideal seria isso que ele disse. Que é alimentar o sonho como cientista e a aplicação vem a partir daí. Foi assim com a matemática, quando se voltou a pensar muito em seus usos não tinha tanta produção. Mas quando se deixou livre, vieram várias descobertas”, pontuou o jovem físico, inspirado pela conferência. 

Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica

O ano de 2025 foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica, marcando o centenário da formulação da teoria quântica, um dos pilares da física moderna. Para celebrar essa data, a Academia de Ciências da Bahia, em parceria com o Instituto de Física da UFBA e outras instituições, promoverá um ciclo de palestras e eventos sobre a história, avanços e impactos da física quântica na sociedade.

O ciclo contará com renomados cientistas e historiadores da ciência, abordando temas como novas tecnologias quânticas, o Princípio da Incerteza e os desdobramentos da mecânica quântica. Entre as palestras confirmadas, destacam-se “O Princípio da Incerteza na Ciência e na Cultura”, com o professor Olival Freire Júnior, no dia 29 de maio, e teremos outro encontro com Adalberto Fazzio, no dia 17 de junho. Além disso, a UFBA sediará dois eventos internacionais em agosto, trazendo pesquisadores de diversas partes do mundo para discutir a história da ciência quântica.

 

 

 

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