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ACB leva mais de 200 cientistas para cortejo em comemoração ao Bicentenário da Independência na Bahia

A Academia de Ciências da Bahia (ACB) levou mais de 200 cientistas para as ruas de Salvador para se unirem à multidão que celebrou o Bicentenário da Independência do Estado, comemorado no dia 2 de julho.

A atividade contou com a participação de representantes de diversas instituições científicas e acadêmicas, dentre eles, Renato Janine Ribeiro, Cláudia Linhares Sales e Ildeu de Castro Moreira, respectivamente, presidente, secretária-geral e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A celebração fez parte da programação especial da entidade que se iniciou no sábado (1º) e se encerra hoje (4).

A Batalha na Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823, foi um dos confrontos mais emblemáticos pela Independência do Brasil. No último domingo, a data comemorou os 200 anos do fim dos embates, iniciados em fevereiro de 1822, que expulsaram as tropas portuguesas do Estado.

Renato Janine Ribeiro comemorou a grandiosidade da festa em 2 de julho. “É interessante como esta data é celebrada, com tanta festa e participação de toda a população. Preserva-se o mesmo espírito daquele 2 de julho de 1823, quando o povo saiu às ruas em festa, por volta do meio-dia, para comemorar a expulsão das tropas portuguesas. Foi grandioso participarmos dessa grande comemoração com o ‘cortejo da ciência’, que reuniu vários cientistas”, disse.

O presidente da SBPC lamentou ainda que a data seja desconhecida pelos demais estados da Federação e ressaltou que é preciso torná-la mais conhecida, porque para muitas pessoas a ‘Independência’ foi simplesmente o ‘Grito do Ipiranga’. Segundo ele, os brasileiros precisam saber que a construção da independência do Brasil foi resultado de várias batalhas nos mais diferentes lugares, como, por exemplo, a Batalha de Jenipapo (em 13 de março de 1823, na vila de Campo Maior, Piauí), as próprias lutas na Bahia e todos os conflitos regenciais.

Linhares Sales também exaltou a emoção de participar do cortejo em 2 de julho na Bahia. “Foi uma grande festa popular, que reuniu todas as camadas da sociedade, inclusive cientistas e educadores. Uma grande oportunidade para que cientistas saíssem de seus laboratórios e salas de aula para as ruas”, comentou.

Ela também ressaltou as figuras dos Caboclos durante o cortejo, imagens que representam as forças coloniais e prestam reverência aos heróis da independência do Estado, responsáveis pela expulsão das últimas tropas portuguesas em territórios brasileiros. “Os Caboclos representam os povos indígenas e africanos com elementos decorativos que trazem uma identidade e função específica na celebração. E isso, faz toda a diferença para atrair a população, já que o povo se identifica. Essa festa tem um grande potencial e ela deve ser fortalecida e comemorada em todo o País”, afirmou.

Segundo Manoel Barral Netto, presidente da ACB, a presença da entidade nas comemorações do Bicentenário da Independência marcou a retomada da participação de seus membros aos festejos cívicos da data comemorativa. “A Academia de Ciências da Bahia sempre participou do cortejo em 2 de julho, até que veio a pandemia. Ano passado, ainda por cautela, decidimos manter as atividades online. Por isso, neste ano voltamos e resolvemos fazer uma programação especial, com foco na valorização da ciência, da educação e do compartilhamento do conhecimento nas mais diferentes esferas”, disse ele, que é médico e pesquisador da Fiocruz Bahia.

Para a programação especial, Barral contou que as atividades foram iniciadas no dia 1ª de julho, com o seminário “O 2 de Julho das mulheres: Liderança feminina na ciência”, que teve a participação de Nísia Trindade Lima, ministra da Saúde, e Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), entre outras. No evento, Nisía Trindade foi aclamada várias vezes e recebeu um manifesto pedindo que se mantenha à frente da pasta.

No dia 2 de julho, no cortejo pelas ruas do Centro Histórico de Salvador organizado pela ACB, a entidade reuniu mais de 200 cientistas baianos e de outros estados representando diversas instituições parceiras, dentre elas, Fiocruz, ABC, SBPC e Universidade Federal da Bahia (UFBA). O cortejo contou ainda com a participação de bonecos de Olinda, representando quatro cientistas: a psiquiatra Nise da Silveira, o geógrafo Milton Santos, o educador Anísio Teixeira e médico psiquiatra Juliano Moreira.

A programação da ACB foi encerrada hoje com o debate “A visão popular de independência no 2 de Julho”.

Fonte: SBPC (Vivian Costa – Jornal da Ciência)

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