O primeiro mês de Governo Lula na ciência e meio ambiente
A Academia Brasileira de Ciências disponibiliza trechos do artigo publicado na Folha de ßão Paulo, que propõe uma reflexão sobre os novos nomes à frente das principais autoridades científicas e ambientais do país, incluindo os cientistas Mercedes Bustamante, Nísia Trindade e Ricardo Galvão.
Se o mandato de governo federal fosse um remédio desenvolvido em quatro anos, poderíamos chamar este primeiro mês de “ensaio pré-clínico”, uma fase que não permite conclusões robustas, mas é a primeira etapa para entender se um dia aquilo pode ou não dar certo. No “microscópio”, os dados preliminares sobre ciência e meio ambiente envolvem os quatro principais ministérios que orbitam essas pautas: Educação (MEC); Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Saúde (MS) e Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC).
Camilo Santana (MEC) – Depois de quatro anos de inércia e denúncias de corrupção envolvendo pastores e barras de ouro, o MEC agora é chefiado pelo ex-governador do Ceará, que chega com fortes credenciais em relação ao ensino básico, declaradamente seu foco prioritário. Das 20 primeiras posições no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), estão 10 municípios cearenses, incluindo o primeiro colocado, Sobral.
(…)
De todo modo, alguns movimentos já foram bem recebidos pela comunidade científica, como a nomeação da profa. Mercedes Bustamante (UnB) para a presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), substituindo uma antecessora cuja qualidade curricular era bastante questionável, para dizer o mínimo. Inclusive, até o momento, o maior impacto midiático do MEC está no anúncio de reajuste nos valores das bolsas de pós-graduação da CAPES, congelados há mais de 10 anos.
Luciana Santos (MCTI) – A indicação da presidente do PCdoB recebeu muitas críticas, uma vez que o governo de Pernambuco em que ela atuou como vice encerrou as atividades com forte rejeição.
(…)
Como ministra, destacam-se até o momento a celebração de cooperação internacional com a Argentina e a nomeação de Ricardo Galvão para a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal órgão de fomento à pesquisa do país. Em 2019, o físico foi exonerado da direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pelo governo Bolsonaro, após se pronunciar contra o negacionismo sobre as queimadas na Amazônia. Assim como Camilo Santana, Santos também anunciou reajuste para as bolsas de pós-graduação do CNPq.
Nísia Trindade (MS) – A nomeação da servidora de carreira e ex-presidente da Fiocruz representa o retorno da atenção à Saúde Pública de fato, após quatro anos de uma gestão desastrosa, que deixou a marca de quase 700 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. No seu discurso inicial, pautou o fortalecimento do Programa Nacional de Imunização (PNI), que outrora apontava o país como padrão mundial e hoje amarga uma das maiores abstenções de vacinação infantil da história.
A ação mais contundente, por ora, foi o “revogaço” de diversas portarias do governo anterior, que limitavam recursos para prevenção e detecção de câncer e minavam a participação da sociedade civil em espaços institucionais, entre outras. Nas últimas semanas, a ministra visitou pessoalmente as aldeias da Terra Indígena Yanomami e, uma vez constatada a magnitude do grau de doenças infecciosas e subnutrição, declarou emergência pública, deslocando equipe, vacinas e remédios ao local.
Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.
Fonte: Ascom Academia Brasileira de Ciências
Foto: ilustração de Valentina Fraiz – Instituto Serrapilheira