Pedro Vasconcelos lança livro sobre Milton Santos
No lançamento tem palestra do autor, que é professor da Ufba e membro da Academia de Ciências da Bahia.
No livro, o autor facilita a compreensão dos pensamentos de Milton Santos, assim como também contextualiza sua vida e suas obras. O conteúdo está distribuído em 218 páginas e dividido em cinco capítulos: “As raízes baianas e os estudos regionais”; “O exílio e os estudos sobre o Terceiro Mundo”; “O retorno ao Brasil. O reconhecimento internacional e os estudos teóricos”; “Principais conceitos e categorias”; e “Influência e difusão das ideias”.
Em entrevista para o Edgardigital (Ufba), o professor Pedro de Almeida Vasconcelos diz que o livro “não é um simples balanço da vida e da produção de Milton Santos, já que esta contabiliza mais de 40 livros e 300 artigos”, mas debruça-se sobre o “conjunto teórico articulado de ‘conceitos centrais’, mediante o exame de cerca de 30 livros publicados por Milton Santos”. O professor encontrou “um total de 128 noções, conceitos e categorias no sistema conceitual, que dão sustentação à disciplina acadêmica da geografia”.
A OBRA
No livro, Vasconcelos reconhece a trajetória impactante de Milton Santos e seus méritos, tendo em vista que ele “conseguiu ser vitorioso apesar de três obstáculos – ser negro, nordestino e geógrafo”, destacando que ele foi professor de geografia com apenas 15 anos e chefe de reportagem do Jornal A Tarde. O autor também relembra que Santos viveu dissabores por ser negro, como ter sido retirado da liderança da Associação Baiana de Estudantes Secundaristas (Abes); não ter sido aceito na Escola Politécnica e, por questões políticas raciais da época, não ter sido aprovado no concurso para livre docência para a então Universidade da Bahia.
Para além da profícua vida de Santos, o autor afirma que “não queria ser biógrafo”, mas concentrar-se numa análise profunda sobre as principais concepções teóricas e conceituais do geógrafo baiano. Quando relembra fatos da vida, o faz sempre relacionado às suas obras. “São os livros que dão a linha” do seguimento da narrativa, destacando, cada vez, mais, a projeção internacional das obras de Santos, “traduzidas para várias línguas”, salienta.
Por isso, o livro resgata as primeiras produções acadêmicas de Santos, ainda na década de 1950, que são pouco lidas atualmente. Essas produções estão relacionadas a observações regionais sobre a Bahia e, principalmente, a tese de doutoramento de Santos, cujo tema foi o centro da cidade de Salvador. Nessa pesquisa de doutorado, o professor Pedro Vasconcelos identifica um salto intelectual na produção de Milton Santos, em que ele já utiliza elementos do espaço, trabalhando os conceitos de forma dialética e também com referências de literatura marxistas. O trabalho transformou-se no livro “O centro da cidade de Salvador: Estudo de Geografia Urbana”, publicado em 1958.
O trabalho de Pedro Vasconcelos também rememora a troca de cartas e os vários encontros entre ele e Milton Santos. São várias menções sobre a presença de Milton em eventos, a exemplo de sua participação como avaliador na banca do concurso para professor titular da UFBA a que Vasconcelos se submeteu em 1990.
SOBRE O AUTOR
Pedro de Almeida Vasconcelos é professor titular do Instituto de Geociências e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFBA, pesquisador 1A do CNPq e membro do Grupo de Estudos Urbanos (GEU), responsável pela publicação da revista Cidades. É também professor do quadro permanente da Universidade Católica de Salvador, atuando no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social. Atua na área de Geografia Histórica, Geografia Urbana e do Urbanismo, principalmente nos seguintes temas: teorias sobre cidades; Salvador, trabalho informal.
Vasconcelos é graduado em Geografia pela Universidade Católica de Pernambuco (1969), com mestrado pela Université Catholique de Louvain, na França (1973) e doutor pela Université d´Ottawa (1985). Foi professor convidado no Institut d´Urbanisme de Paris (1988), na Universidad de Barcelona (2001) e na Université de Paris 8 (2004), membro da Comissão de Assessoramento da Capes (Geografia, 1999-2002) e representante da Geografia Humana no Comitê Assessor do CNPq (2002-2005).
Fonte: UFBA / Edgardigital