Fiocruz identifica maior mortalidade em crianças com Síndrome Congênita da Zika
Estudo inédito da pesquisadora Enny Paixão, tem co-autoria de Glória Teixeira e Maurício Barreto, ambos membros da Academia de Ciências da Bahia.
De acordo com a pesquisadora associada do Cidacs e professora assistente da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), Enny Paixão, autora do estudo, o objetivo central da pesquisa foi comparar a mortalidade entre crianças com e sem a Síndrome, levando em conta fatores como o peso e a idade gestacional no nascimento. Além disso, a ideia também foi investigar as principais causas de óbitos de crianças com a Síndrome Congênita da Zika, sempre comparando com as crianças que não a possuem.
Para chegar aos resultados, foram analisados dados de mais de 11 milhões de nascidos vivos cadastrados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), no período entre os anos 2015 e 2018, cruzados com dados do Registro de Eventos em Saúde Pública (Resp). Nesse processo, foram excluídos gêmeos e crianças que ainda não estavam confirmadas ou foram descartadas como portadoras de SCZ. A amostra final de crianças com a Síndrome Congênita da Zika foi de 3.308 e, neste universo, 398 óbitos foram registrados. O trabalho fez um acompanhamento desses nascidos durante 36 meses. É o primeiro estudo que investiga a mortalidade de crianças diagnosticadas com a Síndrome com acompanhamento até o terceiro ano de vida.
A professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisadora associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia, Glória Teixeira, também autora do estudo, destaca que essas crianças e suas famílias precisam ser amparadas por políticas do ponto de vista da atenção à saúde e das questões socioeconômicas: “O aumento de leitos de UTI neonatal é uma política fundamental para evitar mortes por síndromes congênitas neurológicas. Nós observamos que as crianças morriam com maior frequência em localidades com poucos leitos de UTI neonatal. Essas crianças precisam de centros de reabilitação: elas nascem com menos neurônios e com neurônios danificados, mas têm neurônios passíveis de serem estimulados, o que pode melhorar o processo de cognição e motor”, explica.
O coordenador do Cidacs/Fiocruz Bahia, Mauricio Barreto, coautor do estudo, acredita que o estudo tem potencial para ser utilizado imediatamente pelos gestores dos sistemas de saúde. “Estamos muito orgulhosos deste estudo como um complemento ao esforço para demonstrar o poder dos dados de saúde de rotina brasileiros, muito criteriosamente processados no Cidacs, para produzir conhecimento científico sólido em torno de questões críticas de saúde, com alto nível de generalização e aplicabilidade, e para uso imediato pelos tomadores de decisão”, afirma.
Confira a matéria na íntegra na Agência Fiocruz de Notícias:
https://agencia.fiocruz.br/fiocruz-identifica-maior-mortalidade-em-criancas-com-sindrome-congenita-da-zika
No link a seguir, a pesquisadora associada do Cidacs e autora do estudo, Enny Paixão, comenta os principais achados do estudo:
Fonte: Fiocruz