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Pesquisa da UFBA inova ao colocar inteligência artificial a serviço do meio ambiente

Premiada pelo Google, a pesquisa é realizada pelo professor Ricardo Rios e pelo doutorando Brenno Alencar.

O trabalho de Rios e Alencar – cujo objetivo é, através da tecnologia, monitorar informações relacionadas às florestas, identificando alterações como queimadas e desmatamentos e gerar um alerta assim que qualquer mudança for detectada – foi o único selecionado no Nordeste entre 14 projetos brasileiros patrocinados. Neste ano, a empresa multinacional de software e serviços online, através do projeto Latin American Research Awards (Lara), financiará 24 projetos, investindo um total de US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões)

A PESQUISA

Desde janeiro de 2020, o projeto de doutorado de Brenno Alencar, orientado pelo professor Ricardo Rios, começou a ser desenvolvido e, em novembro de 2021, foi submetido à seleção do Google, visando à colaboração de pesquisa e acesso a dados.

A investigação integra dados vegetacionais, meteorológicos, sociais e econômicos. A meta é entender o cenário atual de biodiversidades específicas e realizar previsões, com maior precisão, de eventos que podem impactar espécies animais e vegetacionais no futuro. Assim, o foco é desenvolver novas tecnologias de IA capazes de aprender a partir dos dados e atualizar, no menor tempo possível, o conhecimento adquirido, à medida que novidades são detectadas no planeta.

De acordo com Alencar, parte da pesquisa foi iniciada ainda em seu mestrado, que investigou “o impacto da aplicação de técnicas de IA, mais especificamente aprendizado de máquina, em identificação de alteração de conceito em dados da internet das coisas”. O doutorando explica que “a partir desses resultados, agora no doutorado, decidimos investigar como esses métodos computacionais poderiam mapear essas mudanças de conceito em dados ambientais”.

O professor Rios enfatiza que “essa pesquisa tem importantes contribuições científicas em diferentes aspectos. Primeiro, do ponto de vista prático, vamos desenvolver um software de IA que permite analisar diferentes fontes de dados (ex.: vegetacionais, meteorológicos, sociais e econômicos) para monitorar o impacto das ações humanas na biodiversidade local e global. Esse software realiza um aprendizado online e produz alertas quando qualquer novo evento é detectado. Com essa análise, esperamos realizar previsões, com maior precisão, de eventos que podem impactar espécies animais e vegetacionais no futuro”, acredita.

O segundo aspecto inovador que o professor coloca é “a contribuição teórica na área de pesquisa do doutorando. De maneira resumida, o software utilizará uma nova abordagem de IA, que aprende online por meio do reforço recebido do próprio meio ambiente e detecta mudança de padrões nos dados, indicando possíveis variações de comportamento que precisam ser melhor investigados”, salientou.

Além da análise dos dados reais, há um simulador que permite estudar eventos contrafactuais, ou seja, situações que não aconteceram ainda na prática, mas que podem ocorrer no futuro, permitindo estudar a biodiversidade em cenários futuros, informaram os pesquisadores.

PREMIAÇÃO APLICADA À CIÊNCIA

A lista de trabalhos selecionados pelo Google foi divulgada no dia 10 de fevereiro e conferiu bolsas nos valores de R$ R$ 6,3 mil (US$ 1,2 mil) e R$ 3,9 mil (US$ 750) para o doutorando e seu orientador, respectivamente. O sentimento de Brenno Alencar “é de reconhecimento pela pesquisa de qualidade que vem sendo desenvolvida pela comunidade de computação da UFBA. Sou mestre pela UFBA e agora doutorando e esse prêmio vem reconhecer a relevância do trabalho de pesquisa desenvolvido pelos pesquisadores em computação da UFBA”, comemorou o jovem.

O professor Ricardo Rios acrescenta que “além disso, a premiação coloca o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação do IC/UFBA entre as melhores da América Latina. No total, foram 700 projetos inscritos. Dos 24 ganhadores na América Latina, 14 projetos são do Brasil, sendo que 13 projetos foram selecionados em universidades de Minas Gerais e São Paulo. No Nordeste, o único premiado é esse nosso projeto da UFBA”, destacou Rios.

Ele destaca que “a ciência, de um modo geral, tem encontrado muita dificuldade no Brasil de hoje, devido à dramática redução de investimentos dos órgãos federais, o que está afetando a produção científica e está levando a uma fuga muito expressiva de pesquisadores do Brasil para o exterior.  Então, essa premiação da UFBA nos permite usar os recursos para preencher essas lacunas de investimento e manter o foco na produção de uma contribuição científica de excelência e de qualidade”, concluiu.

Fonte: UFBA / Edgardigital

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